domingo, 24 de julho de 2016

10 viagens de trem para fazer no Brasil

21/07/2016 - Guia da Semana

Viajar de trem é uma experiência única e exótica, afinal, não é todo dia que passamos por cenários da época cafeeira em São Paulo ou até mesmo em locais históricos do nosso país. 

Diferente dos trens convencionais (utilizados apenas como transporte público), esses roteiros propõe um dia turístico regado por histórias e informações interessantes. Assim, as locomotivas são preparadas para receber turistas, com número de acentos contados - sem qualquer possibilidade de aperto ou lotação! 

Além da viagem, alguns passeios oferecem guias turísticos, paradas em cidades, refeições e até mesmo degustações de queijos e vinhos! Ficou interessado? Então confira 10 opções de passeios e viagens de trem para fazer pelo Brasil: 

PASSEIOS BATE E VOLTA 
Maria Fumaça - Ouro Preto a Mariana (MG) 

A locomotiva de 1949 tem o interior de madeira e desenho semelhante às composições do início do século 20. A viagem parte de Ouro Preto com destino à Mariana. São apenas 18 quilômetros percorridos em menos de uma hora, mas a sensação de viajar no tempo é garantida. O valor da passagem é de R$ 20 (a meia entrada) e sai aos finais de semana (sexta, sábado e domingo) da cidade de Mariana ou Ouro Preto. Para comprar o ingresso, basta acessar o site. 

Trem Serra do Mar - Curitiba á Morretes (PR) 

Um dos passeios mais agradáveis que tem para fazer é o Trem Serra do Mar, que percorre o trecho de Curitiba até Morretes e atrai diversos turistas. O trajeto dura 3 horas e passa por túneis e pontes que tornam o passeio interessante. A Serra Verde Express, empresa que realiza o programa, é conhecida por ter passeios de luxo pelo Brasil todo. Além do passeio, estão inclusos no ingresso um almoço, tour guiado pela cidade e guia turístico. O ingresso custa R$ 260 e pode ser adquirido por telefone (41) 3888-3488. 

Maria Fumaça - Tiradentes a São João Del Rei (MG) 

O trem percorre os 12 km que separa as cidades e percorre rios, serras e incríveis paisagens. As saídas ocorrem aos finais de semana (sexta, sábado e domingo). O roteiro só de ida custa R$ 50 e o completo (ida e volta), R$ 60. É possível iniciar a viagem tanto de Tiradentes quanto de São João Del Rei. Os ingressos são adquiridos apenas nas bilheterias das cidades. Clique aqui para saber mais sobre endereços e valores. 

Trem das Águas - São Lourenço a Soledade de Minas (MG) 

O Trem das Águas tem trajeto de duas horas (ida e volta) e percorre um caminho de 10 quilômetros. A locomotiva a vapor é do ano de 1928 e faz com que os visitantes viajem no tempo. Uma das opções de viagem é o vagão que oferece degustação de queijos, doces, suco de uva, vinho e cachaça. O passeio sai aos finais de semana (sexta, sábado e domingo) da cidade de São Lourenço. O valor do ingresso é de R$ 55 na classe turística e R$ 78 na classe especial com degustação. Indica-se a compra antecipada de ingressos pelo telefone (35) 3332-3011. 

Maria Fumaça - Rota do Vinho na Serra Gaúcha (RS) 

A Serra Gaúcha guarda aos viajantes inúmeras surpresas, principalmente para os amantes de vinho. Para aproveitar ainda mais o roteiro, o passeio de trem com a Maria Fumaça propõe uma verdadeira vivência em grupo com degustação de vinhos e queijos. O trajeto parte da cidade de Bento Gonçalves, passa por Garibaldi e termina na cidade de Carlos Barbosa. São 23 quilômetros de agradável percurso com duração média de 2 horas. Durante o passeio, a festa é conduzida por atrações típicas italianas e gaúchas. Os ingressos saem por R$ 98 na baixa temporada e R$ 120 na alta (julho, dezembro e janeiro). Para adquirir o pacote, basta entrar em contato pelo telefone (54) 3455-2788. 

Trem da Serra da Mantiqueira - Passa Quatro a Serra da Mantiqueira (MG) 

O Trem da Serra da Mantiqueira parte da cidade de Passa Quatro com destino à divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Durante o percurso de uma hora (ida), são feitas paradas para compras de artesanato, além de passar por casarões da época dos barões de café, parada para conhecer o museu da novela da rede Globo JK e Mad Maria. O passeio ida e volta custa cerca de R$ 50, sendo necessário ligar para o telefone (35) 3371–2167 para fazer reservas. 

Expresso Turístico - São Paulo a Paranapiacaba (SP) 

A cidade turística de Paranapiacaba fica no município de Santo André e visitá-la é como voltar no tempo dos barões de café, onde as cidades eram rústicas e pequenas. A região abrigou, em 1867, imigrantes ingleses que vieram ao país para construir a ferrovia paulista. Por conta disso, Paranapiacaba possui uma arquitetura diferenciada, com edificações construídas pelos britânicos e mantidas até hoje. Além disso, trilhas, cachoeiras e bastante contato com a natureza completam as atrações do lugar. O Expresso Turístico da CPTM realiza o passeio através de uma locomotiva dos anos 50. O passeio parte da Estação da Luz aos domingos. O ingresso custa cerca de R$ 45 por pessoa e é vendido apenas na Bilheteria da Estação. Não é possível comprar pela internet. Para mais informações, acesse o site oficial da CPTM. 

Maria Fumaça - Campinas a Jaguariuna (SP) 

O passeio da Maria Fumaça parte da cidade de Campinas com destino à Jaguariúna e é uma das melhores viagens de trem para fazer, principalmente com crianças! A viagem de 3 horas e meia tem duas paradas: na Estação Tanquinhos, onde o público aprende o funcionamento do trem a vapor, conhecido como Maria Fumaça. Em seguida, o passeio prossegue até Jaguariúna, onde é realizada uma visita a um museu com roupas de época. Além disso, em cada vagão um monitor explica os locais importantes por onde a locomotiva passa. Para mais informações, acesse o site oficial da Maria Fumaça. 

Estrada de Ferro - Campos de Jordão a Santo Antônio do Pinhal (SP) 

A viagem começa em Campos do Jordão, na Estação Emílio Ribas, com destino a Santo Antônio do Pinhal. São cerca de 2h30 (ida e volta) de trajeto, que passa pelo centro de Campos do Jordão, trechos da Serra da Mantiqueira e um dos pontos ferroviários mais altos: Alto do Lajeado (tem 1.743 metros de altura)! Ao chegar ao destino, é feita uma parada de 30 minutos onde os visitantes podem conhecer uma confortável cafeteria e, se desejarem, comprar doces caseiros. 

VIAGEM 
Trem da Vale - Belo Horizonte (MG) a Cariacica (ES) 

A viagem de trem, que parte de Belo Horizonte com destino a Cariacica, no Espírito Santo, é considerada a mais longa que existe no país e a única que atravessa estados. Dentro da locomotiva, modernizada e com classes diferentes, não existe nenhum tipo de atividade turística, sendo apenas um meio de transporte. Existem 2 classes: executiva com poltronas reclináveis e mais espaçadas e a econômica com maior número de poltronas e um pouco menos espaço. Para comprar a passagem, é necessário preencher os dados no site e verificar disponibilidade.

Fonte: Guia da Semana
Publicada em:: 21/07/2016

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Em período de férias, Maria-Fumaça de Rio Acima para de funcionar

11/07/2016 - O Tempo

APÓS QUATRO ANOS

Prefeitura da cidade alega que paralisação das atividades é temporária, mas ainda não há um prazo para que as viagens sejam normalizadas

Reprodução / FACEBOOK 
Reprodução / FACEBOOK
Em período de férias, Maria Fumaça de Rio Acima para de funcionar

CAMILA KIFER

Em pleno período de férias escolares, a Maria-Fumaça de Rio Acima, cidade localizada na região  Central de Minas Gerais, paralisou suas atividades no município. A prefeitura da cidade alega ter sido notificada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de que as viagens estariam colocando em risco à integridade física dos passageiros e moradores da região, já que a empresa responsável por gerenciar as atividades não estaria cumprindo com as normas.

Em operação há quatro anos, a Maria-Fumaça, mais conhecida como Trem das Cachoeiras, que já carregou mais de 45 mil passageiros, durante este tempo, fez sua última viagem em 3 de julho deste ano. As atividades da locomotiva foram interrompidas depois da ANTT notificou a prefeitura sobre a falta de segurança para moradores e passageiros.

Entre as medidas que estariam sendo descumpridas pelo Centro de Referência Ambiental Turística (Creat) - empresa responsável pela operação da locomotiva -, está a falta de sinalização nas passagens de níveis. 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Museu Ferroviário de Ribeirão Pires é inaugurado em grande estilo

06/05/2016  - Diário Regional

O Museu Ferroviário de Ribeirão Pires João de Abreu Duarte foi inaugurado no último sábado, dia 30 de março, em evento promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. A abertura do espaço contou com presença de munícipes e autoridades.

A iniciativa surgiu por meio de pesquisas internas do Núcleo de Gestão Cultural, que identificou essa demanda desde a década de 1990, mais precisamente desde 1996, quando, por colaboração dos ferroviários, instalou o Museu Municipal no mesmo prédio. Além disso, Ribeirão Pires seria a segunda cidade do ABC Paulista a abrigar um Museu Ferroviário.

A estratégia da Prefeitura para atrair o público, é divulgar o novo espaço para escolas e visitação em geral, além da identificação visual na fachada do prédio. O local é movimentado por conta do Terminal Rodoviário e da Estação de Trem estarem próximas. Com a consolidação do museu, a proposta é divulgá-lo como ponto de turismo cultural.

O projeto prevê exposição permanente de painéis que contarão o surgimento da Ferrovia na Inglaterra, a vinda ao Brasil no século XIX, a construção da Estação de Ribeirão Pires em 1885, assim como a expansão e modernização posteriores.

O acervo ferroviário é muito específico, porém diverso e já conta com muitos itens para apreciação dos visitantes. Entre os objetos que já existem no Museu Municipal Família Pires estão fotos, objetos de trabalho, acessórios e adereços, entre outros. Evidentemente o Museu Ferroviário de Ribeirão Pires precisará fazer aquisições ao longo de sua existência para aprimorar sempre o seu acervo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Projeto prevê ampliação da ferrovia turística

 26/02/2016 - Economia SC


Os empresários da Associação Tremtur se reuniram nesta quinta-feira (25) em Florianópolis para apresentar ao governo do Estado um projeto para ampliar a ferrovia turística na região do Alto Vale do Itajaí. Atualmente o trecho conta com apenas 2,8 quilômetros em operação. A proposta prevê aumentar para 16 quilômteros, saindo do Bairro Riachuelo, na cidade de Lontras, passando pelas proximidades da Usina Salto Pilão, até o município de Apiúna. 


A ideia é envolver o poder executivo e contratar os serviços do Exército. Participaram da reunião os representantes do Batalhão Ferroviário do Exército em Santa Catarina e empresários da Tremtur. A próxima etapa é preparar um orçamento para avaliação da viabilidade da parceria. 


Para o empresário representante da associação, Germano Emílio Purnhagen, o novo trecho terá finalidade essencialmente turística, com administração por empresários locais. “Trata-se de um projeto essencial para o desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí. É uma região com muitas belezas naturais, entre as montanhas do Vale”, explicou. Além da ferrovia, a associação tem outros planos para a região. “Existem outros projetos para promoção do turismo local, como a construção de um teleférico”, complementou Purnhagen. 


“Essa é uma boa ideia e temos muito interesse em contribuir. Além de um resgate cultural e histórico da região, a promoção de novas atividades do turismo é de grande contribuição para a economia catarinense”, defendeu o governador Raimundo Colombo.

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Estado entrega convênio para implantar trem turístico em Poços, MG

 29/01/2016 - Do G1 do Sul de Minas

O governador do Estado de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), entregou ao prefeito de Poços de Caldas (MG), Eloísio do Carmo Lourenço (PT), o convênio para a implantação do trem turístico na cidade. A entrega foi feita no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte (MG), nesta quarta-feira (27).

O contrato, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), prevê investimentos de R$ 10 milhões para o fortalecimento do potencial turístico da cidade e atende a uma das demandas da população recebidas durante a realização do Fórum Regional de Governo no município.

A maria-fumaça irá trafegar pela ferrovia que tem importância histórica para o município. Em 1886, o então imperador Dom Pedro II esteve no local para inaugurar a Estação Central no município de Poços de Caldas. O percurso total do trem turístico será de 9,6 quilômetros no trecho que está desativado.

O Governo Estadual irá investir, por meio da Codemig, R$ 10 milhões nas obras, que serão acompanhadas pela Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop). O município, por sua vez, dará contrapartida de R$ 2 milhões no projeto.

Em dezembro de 2015, a Prefeitura de Poços de Caldas conseguiu um termo de cessão para uso gratuito do trecho da linha férrea entre a antiga Estação Ferroviária da cidade e a Estação Ferroviária Bauxita. Com isso, a administração pode dar andamento ao projeto de reativação do trem turístico que liga Poços de Caldas a Águas da Prata (SP).

O projeto
O processo para reativação do trem vem de longa data e já contou, inclusive, com uma manifestação popular em 2013, pedindo que ele voltasse a circular. Desde então, foi feito um estudo de viabilidade técnica, realizado pela prefeitura e apresentado pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, a fim de dar base ao trabalho. Uma audiência pública em 2012 também discutiu a questão.

Em 2014, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) autorizou a reconstrução de 9 km da linha. Em setembro do ano passado, o governador do estado, Fernando Pimentel (PT), anunciou que iria disponibilizar recursos para a volta do trem turístico.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

História viva

Revista CNT – Dezembro 2015

Trens de turismo resgatam a memória ferroviária do país; admiradores têm 32 atrações de Norte a Sul, sendo a mais recente em Guararema (SP)

A história da “velha senhora”, maior locomotiva a vapor em funcionamento no Brasil, é antiga e remonta ao começo do século passado. Construída em 1927, operava na estrada de ferro Central do Brasil e fazia o trajeto Barra do Piraí (RJ) – São Paulo (SP). Foi assim até o começo dos anos 1970, época em que os trens a vapor foram substituídos pelos a diesel no país. Receosos da imponente máquina ser desmanchada, como aconteceu com muitos trens, admiradores esconderam-na em uma linha desativada. Assim, ficou abandonada por dez anos, debaixo de sol e de chuva.

No fim da década, ela foi encontrada por operadores da antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal) e foi restaurada com nova finalidade: servir aos trens de turismo para resgatar a história do transporte ferroviário de passageiros no país. No fim dos anos 1980, foi abandonada novamente, tendo sido adquirida pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), em 1998, voltando a percorrer pequenos trajetos. Até que cinco anos atrás foi escolhida como a locomotiva oficial do trem de Guararema (SP), que começou a operar em outubro passado.

Até o início do funcionamento do trem, que faz o trajeto Guararema – Vila Luís Carlos, em um total de 6,8km, várias etapas foram vencidas. A primeira delas foi outra restauração, em que a locomotiva foi totalmente desmontada e refeita. Esse processo levou quatro anos. Além disso, entraves burocráticos fizeram com que a ANTT (Agência Nacional De Transportes Terrestres) só autorizasse o funcionamento da linha recentemente, o que retardou ainda mais o processo.

“Após três meses de operação, a procura tem sido muito boa. Temos momentos bem cheios e o período das férias é movimentado na cidade. Esperamos que a demanda aumente ainda mais”, afirma o diretor-secretário da ABPF, Bruno Sanches. O trem opera sempre aos finais de semana e feriados e realiza duas viagens por dia, às 10h e às 15h. A viagem custa R$ 50,00 e dura cerca de duas horas e meia. Além da locomotiva e dos carros de passageiros do século passado (um deles com mais de cem anos – também restaurado), o que já é uma atração à parte, os passageiros também têm acesso a uma vila ferroviária com bares, restaurantes, lojas e um pequeno museu. O trajeto, percorrido na velocidade máxima de 20km/h, integra a zona rural, o que embeleza ainda mais o percurso.

O Trem de Guararema é apenas um entre os diversos trens de turismo no Brasil. No total, são contabilizadas 32 atrações no país, sendo 26 integrantes da ABOTTC (Associação Brasileira Dos Operadores De Trens Turísticos E Culturais). A quilometragem total das linhas é pequena se considerada a extensão ferroviária do país: dos cerca de 30 mil quilômetros de malha existentes, apenas 458 quilômetros são utilizados com finalidade histórica.

Entre os mais procurados está o Trem do Corcovado, no rio de Janeiro. Todos os anos, mais de 600 mil pessoas são levadas ao Cristo Redentor pela centenária Estrada de Ferro do Corcovado, passeio turístico mais antigo do país. Inaugurado em 1884 pelo imperador D. Pedro II, o trem já levou papas, reis, príncipes, presidentes da república, artistas e cientistas em seus vagões. É também um passeio ecológico, pois atravessa a maior floresta urbana do mundo: o Parque Nacional da Tijuca. Diferentemente da maior parte dos trens de turismo, o funcionamento é diário, com saídas de meia em meia hora, tendo cada viagem duração de 20 minutos e extensão de quatro quilômetros.

Outra atração de visibilidade nacional é o Trem do Forró, que faz o trajeto Recife (PE) – Cabo de Santo Agostinho (PE). Durante a viagem, os passageiros são animados por um trio de forró ao som de zabumba, triângulo e sanfona. Cerca de 1.200 mil pessoas participam da festa, que sempre ocorre no período de festas juninas, aos finais de semana. O percurso de 84 quilômetros possui seis horas de duração e é percorrido na segunda linha mais antiga do país, tombada pelo IPHAN (Instituto Do Patrimônio Histórico E Artístico Nacional).

O Trem do Vinho também é um encanto à parte na serra gaúcha. A locomotiva a vapor percorre 23 quilômetros entre os municípios de Bento Gonçalves (RS), Garibaldi (RS) e Carlos Barbosa (RS). A festa é animada por coral italiano, teatro e show. E na chegada das estações, os turistas são recebidos com vinhos típicos da região, além de suco de uva e espumante.

Etapas

O início da operação de um trem de turismo não é tarefa fácil. Em alguns casos, pode levar até cinco anos. As dificuldades começam pelo número de órgãos envolvidos no processo. O DNIT (Departamento Nacional De Infraestrutura De Transportes) é o responsável pela cessão da malha e do material rodante da antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal) para operadores que desejam apostar em um novo projeto. O Iphan administra exclusivamente os bens históricos. Já a SPU (Secretaria De Patrimônio Da União) fica responsável pelas antigas edificações, como estações, por exemplo. Por fim, a ANTT (Agência Nacional De Transportes Terrestres), além de vistoriar e autorizar o funcionamento da linha por meio de uma outorga, também fiscaliza a operação regularmente.

O processo pode ser feito de duas maneiras: o operador interessado aproveita uma ferrovia já concedida à iniciativa privada, normalmente para transporte de cargas, e negocia o transporte turístico com a própria detentora da concessão, ou entra com pedido de cessão de malha já existente, porém não concedida, junto ao DNIT. Antes disso, porém, é necessário um estudo de viabilidade com justificativa histórica, além de levantamento da rota e da concessionária que opera a malha, se for o caso.

Além da linha férrea, o DNIT também disponibiliza o material rodante inutilizado. “Quando o sistema foi privatizado, em 1997, as locomotivas a diesel foram transferidas pelo governo às concessionárias de carga. Restaram poucas a vapor. Quando solicitadas, essas normalmente são cedidas. Caso o interessado queira explorar os outros vagões, é feito acordo de valor para uso com as próprias empresas, o que pode encarecer bastante o processo”, explica o presidente da ABBOTC, Adonai Filho.

Outra dificuldade é a recuperação do material rodante. Segundo ele, só a reforma de um vagão custa, em média, entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. o custo de transporte do trem até a oficina também é alto e, em alguns casos, chega a R$ 150 mil. Além disso, de acordo com o presidente da associação, as concessionárias cobram caro pelo “aluguel” da malha ou das locomotivas. No caso do Trem de Guararema, por exemplo, a ABPF utiliza a malha da MRS Logística. A locomotiva, entretanto, é de propriedade da operadora.

Adonai acredita que, em termos de políticas públicas, o Brasil está atrasado em comparação com outros países, sobretudo no que tange aos subsídios. “Em vários países, o trem de carga tem que dar contrapartida para garantir o de turismo. Aqui, temos a lei que obriga as concessionárias de trens de carga a viabilizarem duas linhas de passageiros por dia. Entretanto, são as empresas que estabelecem o preço do uso da malha e as regras. O processo só anda após muita negociação”, lamenta.

Mobilidade

Tradicionalmente, os trens de turismo operam em velocidades que não ultrapassam os 25km/h. Além disso, os trechos são curtos, mas isso não é uma regra. O Trem da Serra do Mar paranaense, que liga Curitiba (PR) a Paranaguá (PR) e foi eleito como uma das dez rotas mais bonitas do mundo, possui 110 quilômetros de extensão. o diretor executivo, da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Rodrigo Vilaça, defende o transporte ferroviário com essa característica, ou seja, que integre turismo com mobilidade urbana, em maiores distâncias e velocidades.

“É uma tarefa árdua diante da malha ferroviária e da infraestrutura que nós temos. Precisamos, sim, admirar o passado, mas com a modernidade exigida pelo presente. Além do resgate da história, também é necessário fazer com que os mais jovens passem a optar pelo trem”, argumenta. O Trem Pé-Vermelho, que deve ligar as regiões metropolitanas de Maringá (PR) e Londrina (PR) é outro exemplo, segundo ele, dessa integração. A ferrovia passará por 13 cidades percorrendo uma extensão de 150 quilômetros.

Abandono chega a 5.000 km

Levantamento da ABPF (Associação Brasileira De Preservação Ferroviária) revela que existem entre 4.000 quilômetros e 5.000 quilômetros de linhas abandonadas no país. A entidade, que tem o objetivo de resgatar a memória sobre trilhos nacional, se dedica a recuperar locomotivas antigas e malha subaproveitada, além de estações abandonadas.

De acordo com o diretor-secretário da associação, Bruno Sanches, na época da privatização do sistema ferroviário, em 1997, a malha total da RFFSA (Rede Ferroviária Federal) considerada operacional era de cerca de 25 mil quilômetros. Essa extensão foi repassada à iniciativa privada. O governo herdou a parte não-operacional. Entretanto, no decorrer dos anos, muitos trechos em condições de uso foram abandonados pelas concessionárias com a justificativa de que não havia demanda suficiente. Para isso, as empresas fizeram acordo com a ANTT (Agência Nacional De Transportes Terrestres) para devolver os trechos.

A ABPF, que já opera em nove trens no país, pretende resgatar essa quilometragem subaproveitada. o processo, porém, não é fácil. “A gente nunca terá condições de cuidar de tudo porque não são só linhas, são vagões abandonados, sem falar nos prédios, nas estações e nos depósitos de carga. Temos uma longa missão pela frente”. A expectativa é de que os próximos trens a serem implementados sejam os de Cruzeiro (SP), Curitiba (PR) e Poços de Caldas (MG). mas, todas as ideias ainda estão em fase de projeto.