segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Projeto quer reativar trajeto de trem entre Lavras e Varginha, MG

20/08/2012 - G1 Sul de Minas

Passeio turístico fez muitos ex-funcionários reviverem emoções das viagens. Viagem levou passageiros de Lavras a Ribeirão Vermelho (MG).

Resgatar a história e a memória histórica da região. Este foi o objetivo do passeio de trem entre Lavras (MG) e Ribeirão Vermelho (MG) neste domingo (19).

Em uma viagem de pouco mais de meia hora, o evento marcou a homenagem feita aos antigos ferroviários. O ponto de partida foi uma antiga estação ferroviária, hoje transformada em Teatro Municipal.

Um coral de ex-ferroviários recepcionou os convidados ao passeio, que lotaram a estação como no tempo em que o trem era o principal meio de transporte.

A iniciativa, promovida pela Associação Circuito Ferroviário Vale Verde que busca preservar o patrimônio ferroviário da cidade funcionou também como reencontro para os antigos companheiros de trabalho, que aproveitaram o momento para colocar a conversa em dia.

Antônio Pereira Cantão comenta a iniciativa. “É bom demais, vamos reviver o que fizemos durante 32 anos. É muito emocionante e inexplicável estar aqui”, comenta.

O agente de trem, Isamel Claret de Abreu sente-se feliz em poder resgatar a experiência dos tempos passados. “Eu guardo carinhosamente a memória dos tempos em que trabalhei aqui.

Foi aqui que ganhei o pão de cada dia e isso vai ficar guardado para as futuras gerações. Com este passeio eu tive o privilégio de resgatar a memória apagada no Brasil”, diz.

A última vez que o trem fez o trajeto até Ribeirão Vermelho foi há 16 anos. Nesta reedição, quem conseguiu o convite foi privilegiado e os sentimentos dos presentes dividiam-se entre matar a saudade e sentir a sensação de viajar sobre o trilho pela primeira vez como Lucas Coelho

Salgado, de 7 anos, que deixa a imaginação viajar. E é esta mesma imaginação que abre a memória de Wanderlam Norberto. “Dá até vontade de chorar, porque era difícil imaginar isso, eu cheguei a pensar que nunca mais entraria em um trem”, pontua.

O responsável pelo passeio, César Móri, presidente da Associação, a viagem foi uma maneira de homenagear os que dedicaram anos de vida à estrada de ferro.

“Quisemos prestar esta homenagem, porque se não fossem eles, o trem não existiria aqui na região. O que notamos foi uma emoção muito grande nas viagens que conseguimos proporcionar”, frisa.

Foram feitas três viagens durante todo o domingo e além da homenagem, a intenção da organização foi também divulgar o projeto enviado ao Ministério dos Transportes e Secretaria de

Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), que pretende reativar o trajeto de trem entre as cidades de Lavras e Varginha (MG).

Este seria um percurso de mais de cem quilômetros, que proporcionaria um caminho turístico no Sul de Minas.

A linha tem mais de cem anos e liga o Sul de Minas a região central do Estado e também a São Paulo e Rio de Janeiro.

sábado, 18 de agosto de 2012

São João del-Rei: História da ferrovia local está sucateada

18/08/2012 - Gazeta de São João del-Rei 
 
Trens que não estão sendo utilizados para percorrer o trecho São João del-Rei/Tiradentes estão sucateados

Trens e vagões sucateados do Complexo Ferroviário de São João del-Rei vêm preocupando representantes do Conselho Municipal do Patrimônio. Isso porque, mesmo depois de uma vistoria realizada no local, no primeiro semestre de 2011, que resultou na detecção de irregularidades, até hoje as máquinas inativas do complexo estão danificadas.

Na ocasião, uma série de técnicos do Ministério Público Federal, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) constataram falhas na conservação de alguns dos bens móveis integrados do local. Diante do fato, o Ministério Público Federal solicitou um calendário de obras para solucionar os problemas.

Integrantes do Conselho Municipal de Patrimônio participaram da vistoria. Segundo um deles, Bruno Campos, foi detectado o sucateamento do material rodante inativo. Ele afirmou que, embora algumas adequações físicas já tenham sido feitas na estrutura do Complexo, os trens parados precisam ser restaurados. Além disso, Campos apontou uma possibilidade em relação ao problema com o início das obras. “Suspeito que as adequações ainda não foram realizadas por falta de mão de obra”, disse,  destacando ainda sobre a gravidade dos problemas de alguns trens. “Existe uma locomotiva que está praticamente perdida. Pode-se fazer a réplica desse trem, mas  acredito que não há mais condições de restaurá-lo”, disse.

De acordo com a assessoria de imprensa do Iphan, o instituto tem cobrado ações da ferrovia e já permitiu que mesma a execute os devidos reparos. “A FCA tem apresentado recorrentes pedidos de autorização para efetuar a manutenção tanto nas locomotivas em funcionamento quanto em parte das edificações. Também está sendo elaborado um Projeto de Revitalização de todo o Complexo Ferroviário pela FCA”,  afirmou a assessoria do instituto em comunicado, lembrando que o órgão tem conhecimento dos fatos e tem tomado providências legais em relação à apuração e ao atendimento da preservação da memória ferroviária nacional.

Ministério Público
Está em andamento, junto ao Ministério Público Federal, um inquérito civil que, segundo o procurador Antônio Arthur Barros Mendes, tem o objetivo de verificar a situação do complexo e a possibilidade da prática de um crime de dano contra o bem tombado. O procurador afirmou ainda que a vistoria realizada no ano passado acarretou na produção de um documento judicial falando sobre as irregularidades, como deteriorização e erros de condicionamento. “A partir daí, a FCA apresentou uma série de programas de revitalização. Diante disso, o Ministério Público solicitou essas adequações, mas não tem resposta das datas das atividades”, explicou.

Segundo Mendes, foram encaminhados dois ofícios para a FCA. “Embora ambos tenham sido respondidos pela empresa, não houve manifestação específica em relação à celebração de um termo de conduta”, afirmou o procurador.  E frisou: “Estão sendo colhidos elementos de prova para que, caso a falta de posicionamento da empresa se mantenha, sejam tomadas as devidas providências jurídicas no momento adequado”.

FCA
Em relação ao cronograma das obras do material rodante inativo, a Ferrovia Centro Atlântica não se manifestou. A assessoria de imprensa da empresa informou apenas que desde 2004 realiza intervenções estruturais e organizacionais, seguindo recomendação do órgão federal de proteção do patrimônio histórico.

“De outubro de 2011 até o momento, a FCA realizou 67% das ações originalmente mapeadas, compreendendo um total de 29 obras, tais como reestruturação dos telhados, troca de portas, janelas, pintura das edificações e locomotivas. Mais de R$2 milhões foram gastos nesse processo”, afirmou a assessoria em comunicado.

As informações repassadas pelo setor salientaram ainda que outras ações desta natureza foram encaminhadas para análise e aprovação do Iphan, devendo ser executadas até o final deste ano. Ainda de acordo com o documento, todos os procedimentos são acompanhados pelo instituto e informados ao Ministério Público.

A empresa afirmou também que realiza uma série de iniciativas de caráter histórico, social e cultural, como manutenção e conversação das locomotivas e campanhas com preços promocionais para o passeio de trem.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Prefeitura inicia transferência do Trem Turístico para área de testes

09/08/2012 - Jornal da Economia

A transferência total dos carros deve acontecer em 15 dias, devido ao tamanho e peso dos vagões.

Viagem inicial deve acontecer ainda esse ano, e os passageiros terão a oportunidade de conhecer um pouco mais da história da ferrovia na região.

A Prefeitura deu início, na quarta-feira, 6, a remoção dos carros de passageiros e das duas locomotivas a vapor (Maria Fumaça), para dar início a implantação do Trem Turístico, que vai ligar a Terra do Vinho à cidade de Mairinque.

A transferência total dos carros deve acontecer em 15 dias, devido ao tamanho e peso dos vagões. O percurso de 7 km, até a estação de Mairinque, é feito por uma empresa que ganhou licitação e está sendo acompanhado pela CCR Via Oeste, concessionária responsável pelo trecho.

Chegando à cidade vizinha, onde existe uma oficina para os trens, as locomotivas e os vagões serão submetidos aos testes exigidos pela CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, e então poderá começar a operar. A expectativa é que o trem faça sua viagem inaugural até o final desse ano.

Segundo a Divisão de Turismo, o percurso feito pela Maria Fumaça terá 16 km e o trem devem concluir o trajeto em 40 minutos.

sábado, 4 de agosto de 2012

Para retomar os trilhos em Porto Velho, será preciso desapropriar

23/07/2012  - Valor Econômico

No Estado de Rondônia, no percurso entre Guajará-Mirim e a capital Porto Velho, a ferrovia Madeira-Mamoré emprestou à BR 364 pontes que hoje resistem ao trânsito de carros e caminhões. Próximo ao rio Jaci-Paraná, avistam-se estoques de madeira extraída da floresta para o enchimento das represas que vão gerar energia. De lado a lado, as pastagens indicam o modelo de desenvolvimento da região. 

Mais adiante na estrada, junto à ponte sobre o rio Araras, antigas instalações de garimpos abandonadas são resquícios da exploração de ouro que marcou a região até a década de 1990, ao custo do assoreamento e da poluição - um problema que está ameaçando voltar. 

Dragas de garimpeiros já frequentam os rios para aproveitar o ouro que restou, contido nos sedimentos que agora estão sendo revolvidos após alterações no fluxo das águas, causadas pelas barragens das hidrelétricas. 

Com a chegada de trabalhadores para as novas usinas e o aumento do capital circulante, Porto Velho vive o "boom" do mercado imobiliário e de obras públicas - algumas paralisadas por irregularidades nas licitações. Uma ponte de R$ 209 milhões, uma obra que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), está sendo construída para levar o crescimento econômico à outra margem do rio Madeira e fazer a ligação com a BR 319, que cruza a Amazônia até Manaus. 

Restaurantes e hotéis de bom nível indicam uma mudança de perfil na capital. Lá funcionava a estação principal da Madeira-Mamoré. Os antigos galpões, oficinas e locomotivas começaram a ser restaurados com recursos de R$ 38 milhões, relativos à compensação pelos impactos da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. O investimento inclui a revitalização de 7 km de trilhos para viagens turísticas. 

"Só iniciaremos a obra depois que a prefeitura realocar a população de baixa renda que mora em situação de risco ao lado da ferrovia", afirma José Carlos de Sá, coordenador de relações institucionais da empresa Santo Antônio Energia. 

Apenas uma parte dos moradores foi transferida para conjuntos habitacionais e a situação de quem lá permanece é de extrema pobreza. "Não sabemos o que farão com a gente para o trem passar", diz Gracineia Barbosa, moradora que tem a porta da casa colada ao trilho, na Vila Candelária. No bairro vive Conroy Theophilus Chochness, 78 anos, filho de um carpinteiro que imigrou de Granada, no Caribe, para trabalhar na construção da Madeira-Mamoré. 

"Ela jamais poderia ter sido desativada pelo governo brasileiro, pois foi construída para a Bolívia em troca do Acre", lamenta Conroy, ex-motorista da litorina - o vagão a diesel que transportava passageiros na ferrovia. 

Teme-se pela falta de condições financeiras da Prefeitura para manter a estrutura dos trilhos e estações funcionando, assim como aconteceu com a ciclovia, que foi construída com recursos da empresa de energia e agora está tomada pelo mato. 

"O plano é criar um fundo municipal, somando 1% da arrecadação, turbinada pela nova receita a ser gerada quando as hidrelétricas entrarem em operação", informa Aguinaldo Nepomuceno, secretário de Turismo. 

Hoje o orçamento do município para o setor é de apenas 0,001% da arrecadação. No percurso dos trilhos abandonados da ferrovia Madeira-Mamoré, um cemitério de locomotivas em ruínas, cobertas pela floresta, atrai visitantes. 

Nas proximidades da ferrovia, está prevista a construção de um complexo turístico com vista para a barragem da usina de Santo Antônio. Atualmente, o local está sendo alvo de escavações arqueológicas que buscam resgatar o povoamento que surgiu na região a partir do ouro quer era transportado nos tempos da ferrovia Madeira-Mamoré.