quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pelos trilhos de Minas Gerais, ao apito da maria-fumaça

17/11/2011 - O Estado de São Paulo

Em preto, dourado e vermelho, o charme da locomotiva enche os olhos dos passageiros, enquanto a composição deixa para trás São João del Rey e segue rumo à elegante Tiradentes

Por Bruna Tiussu

São João Del Rey  - O trajeto, de 12 quilômetros, é todo percorrido pela antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, inaugurada por D. Pedro II em 1881. A verdade é que, durante a quase uma hora de viagem entre São João del Rey e Tiradentes (bilhete de ida e volta a R$ 35), pouca coisa da paisagem vai prender seu olhar na direção da janelinha. Sua atenção, desta vez, ficará voltada para quem conduz a composição: a maria-fumaça.

Brilhante, charmosa, pintada de preto com detalhes em vermelho e dourado, é exatamente como as que vemos nos filmes que retratam o século passado. Uma raridade, como os mineiros dali insistem em ressaltar, pois é uma das poucas locomotivas a vapor do mundo que ainda roda em bitola de 76 centímetros.

A sensação de fazer parte de uma cena de novela de época segue dentro dos vagões, de madeira avermelhada e com poltronas em couro acolchoado. Escolha o seu lugar e em que sentido prefere se acomodar, já que os encostos são móveis. Antes mesmo de o trem partir, mais uma passagem tradicional: lá vem a Edna com seu tabuleiro apetitoso. Vendedora oficial de guloseimas da maria-fumaça há 10 anos, traz cocadas, balas e pirulitos de mel com sabor de infância. Abasteça-se com muito açúcar e esteja pronto para o início deste doce e bucólico passeio pelas raízes mineiras. O apito já vai soar.

São João del Rey. Programe-se para chegar na estação uma hora antes de seu trem sair. É lá que fica o Museu Ferroviário, com peças, fotos e painéis que contam a história da ferrovia. Outras locomotivas à vapor também estão expostas ali - em ótimas posições para saírem bem na foto.

Para explorar o resto da cidade, siga dali, a pé, até o centro antigo. Como em toda cidade histórica do Estado, as principais riquezas de São João del Rey se concentram nas igrejas. Invista mais tempo na de São Francisco de Assis: repare em seu lustre de cristal Baccarat e as grandes imagens de santos que todo guia vai afirmar terem cabelos naturais. Lá fora, a fachada fica ainda mais interessante graças às altíssimas palmeiras centenárias, plantadas na época de D. Pedro I.

Por outro lado, a matriz de Nossa Senhora do Pilar tem discreta fachada neoclássica. Toda opulência barroca está no interior, aí sim com muito dourado e teto pintado por inteiro. É ali que se concentram os festejos da Semana Santa, celebração tradicional da cidade.
 

domingo, 6 de novembro de 2011

Expressos turísticos de São Paulo vão ser semanais

02/11/2011 - O Estado de São Paulo

O governo de São Paulo quer aumentar a regularidade dos Expressos Turísticos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para a Região Metropolitana e o interior. A ideia é tornar semanais os trajetos que saem da Estação da Luz para Mogi das Cruzes, Paranapiacaba e Jundiaí, hoje com frequência alternada: o de Mogi sai uma vez por mês; o de Paranapiacaba, três; o de Jundiaí, a cada 15 dias.

A frequência intermitente dos trens acontece porque todos os passeios, além de dividir espaço nos trilhos com os trens urbanos da CPTM, usam a mesma locomotiva: uma Alco RS-3, de 1952, com dois vagões e 174 poltronas. "Essas viagens alternadas confundem um pouco. Às vezes, a pessoa quer ir para um lugar, quando vai na estação comprar a passagem não é na semana que ela queria, é na outra. Então, a nossa vontade é tornar a frequência regular", afirma o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.

O secretário disse ainda que novos destinos, como São Roque, no interior, estão em análise. Em 2010, o governo anunciou a criação de um trem para passeios religiosos para a cidade de Aparecida. Até hoje não saíram do papel. "A prioridade é melhorar o serviço dos já existentes."

Em julho, o Estado mostrou que faltam lugares para quem quer viajar em qualquer um dos trechos. E continua assim: no site da CPTM (www.cptm.sp.gov.br) nem para Mogi das Cruzes, o destino menos procurado, havia vaga em novembro ou dezembro. Para Jundiaí, a viagem do dia 19 (daqui a mais de duas semanas) ainda tinha lugares disponíveis. Se a escolha for Paranapiacaba, para onde o trem vai com mais frequência, só há um assento especial para deficientes físicos com vaga para o dia 18 de dezembro. Antes disso, todos os trens já estão lotados.

"Planejamos para o ano que vem a compra de mais trens. Só que leva de 18 a 24 meses para ficar pronto, então, mesmo comprando ano que vem, eles ainda demoram para entrar em operação", diz Fernandes.

Interior. Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o secretário estarão em Pindamonhangaba, no interior paulista, para anunciar R$ 4 milhões em investimentos em um outro trem turístico: o que vai para Campos do Jordão, com saída nos fins de semana e feriados. O governo vai fazer a manutenção dos trilhos da Estrada de Ferro Campos do Jordão, que tem 47 km e por onde também passa o trem para Santo Antônio do Pinhal.

Por causa de um deslizamento de terra, a ferrovia ficou interditada durante a alta temporada de inverno. Foram gastos R$ 2,9 milhões em obras emergenciais e as viagens foram restabelecidas no mês passado. "Queremos sair de 150 mil passageiros por ano e chegar a 500 mil", afirma o secretário.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ferrovia de Magé será reativada

31/10/2011 - O Globo

Uma ação conjunta entre a Prefeitura de Magé e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), viabilizará a recuperação do primeira estação de ferrovia do Brasil. A parceria foi firmada, no último dia 27, pelo prefeito Nestor Vidal e o superintendente do órgão, Carlos Fernando de Souza Andrade. Segundo o superintendente, os recursos já estão liberados.

Durante o encontro, ficou definido que o Iphan e a Prefeitura vão trabalhar juntos para garantir a restauração da primeira estação e dos cerca de 14 quilômetros de trilhos entre Mauá e Vila Inhomirim, trajeto inaugurado no dia 30 de abril de 1854, pelo empreendedor Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. A idéia é usar a ferrovia como atração turística.

O projeto será ampliado para que o píer da antiga estação de barcas também seja restaurado e o plano é mais ambicioso ainda: usá-lo como ponto de partida de uma linha ligando Mauá a Praça Quinze, uma proposta antiga da Secretaria Estadual de Transportes.

Segundo Carlos Fernando, o primeiro passo para o início das obras será a remoção das famílias que ocupam a área da estação.

- Eu preciso que as 80 famílias que invadiram a área sejam transferidas e esta é a parte mais fácil. A ferrovia liberou o espaço e o Ministério da Cidade a verba para todo reassentamento - disse o superintendente.