16/07/2010 - Estado de Minas/UAI
O transporte ferroviário entrou para rota de investimentos e apostas do turismo nacional. Os trens estão a todo vapor nos projetos do Ministério do Turismo para alavancar a atividade no país. A preocupação do setor é de investir em mão de obra, já que muitos projetos estão na gaveta por falta de profissionais qualificados. O Brasil tem uma malha ferroviária de 30 mil quilômetros, nos quais são operados 20 trens destinados ao turismo – quatro em Minas Gerais. Nos últimos cinco anos, o ministério investiu R$ 17 milhões em infraestrutura ferroviária.
Nesta sexta-feira, vai ser inaugurado em Santos Dumont, Zona da Mata, o Centro de Excelência em Transporte Ferroviário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Ifet), no câmpus avançado da cidade. O novo câmpus vai ocupar uma área de cerca de 30 mil metros quadrados. Serão oferecidas vagas para os cursos de técnico em transporte ferroviário, eletrotécnica, mecânica, transporte de carga, em conservação e restauração. “Temos feito esforço grande para recuperar os chamados trens turísticos, que podem ser um produto em várias regiões do país”, afirma o ministro do Turismo, Luiz Barretto, que participa nesta sexta-feira da aula inaugural do curso técnico em ferrovia do Ifet. Ele ressalta que o objetivo é recuperar não só o transporte de carga como também turístico. O primeiro curso da nova unidade será o de técnico em transporte ferroviário, que conta com 35 alunos. As aulas começarão na segunda-feira.
O Brasil vive hoje uma carência de mão de obra qualificada no segmento ferroviário. “Essa escola de Santos Dumont vai ter impacto direto na atividade. Hoje, falta mão de obra especializada. Muitas vezes, temos dificuldade de colocar um projeto ferroviário para funcionar por falta de profissional qualificado. Os técnicos que serão formados vão servir não só para a área turística, como também transporte de cargas”, avalia Barretto. O ministro afirma que a escola de Santos Dumont vai ajudar o governo no esforço para recuperar a ferrovia como meio de transporte. “E o turismo quer aproveitar essa carona”, diz.
Segundo André Diniz, diretor pró-tempore da escola de Santos Dumont, considerada a primeira do gênero no estado, a demanda de profissionais especializados no setor é grande, uma vez que vários investimentos estão previstos na ampliação de linhas, máquinas, vagões e novas tecnologias. “O edital do trem-bala (que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro) acabou de ser aberto”, salientou.
Ainda de acordo com o diretor, são grandes as possibilidades de os alunos com formação ferroviária saírem do curso com o emprego garantido. “O mercado vai absorver. Existe uma demanda grande de mão de obra”, disse. O câmpus avançado Santos Dumont vai atuar na pesquisa, ensino e extensão e, além da parte educacional, o projeto prevê a instalação de uma incubadora de empresas focada no setor e de um centro de preservação da memória ferroviária. “Para Santos Dumont, significa o resgate de uma vocação”, assinalou.
O investimento inicial previsto para a instalação da unidade é de R$ 8 milhões nos dois primeiros dois anos. Cerca de R$ 4 milhões serão destinados a restauração dos prédios antigos, onde serão instalados os laboratórios de operação, manutenção e restauro. Outros R$ 2 milhões serão investidos na reforma e ampliação de salas de aula, biblioteca, anfiteatro e laboratórios. A manutenção anual varia de R$ 700 mil a R$ 1,4 milhão. O novo câmpus vai ocupar área onde funcionam o Centro Municipal de Educação Profissional de Santos Dumont (Cemep) e a antiga oficina da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
Para o presidente da ONG Movimento Nacional Amigos do Trem, Paulo Henrique do Nascimento, que denuncia o descaso com o patrimônio ferroviário desde 1997, o novo câmpus é também mais um passo para a valorização do transporte ferroviário de passageiros. “O Brasil está de volta aos trilhos”, comemorou.
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