22/12/2014 - Ne10
Com a abertura do museu, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) conclui a primeira etapa da Estação da Cultura Capiba
Desde 2010, a cidade do Recife aguarda a reabertura do Museu do Trem na antiga Estação Central, no bairro de São José. Que a espera foi longa, ninguém duvida. O centro cultural só será inaugurado às 18h desta segunda-feira (22). Mas, visitando o prédio, pode-se dizer que, apesar da demora, valeu a pena. O acervo do museu, antes confinado numa sala, está distribuído pelos dois pavimentos da edificação secular.
Uma chaminé de caldeira, no hall central, é a peça de destaque do andar térreo. "É um ícone da memória do trem", justifica o museólogo e curador da exposição, Aluizio Câmara. No passeio pelo museu, o visitante vai contemplar uma infinidade de objetos que contam a história dos trilhos e das locomotivas.
Sinos, faróis, um pedaço de trilho que atendia os engenhos onde se processavam cana-de-açúcar de Pernambuco no século 19, louça e prataria dos vagões-restaurantes, ferramentas (pá de caldeira, chave de fenda e chave de boca enormes), relógio de ponto, balança, gerador a vapor, aferidor de pressão, bancos e placas compõe o acervo.
Nem mesmo o escafandrista escapou da mostra, com seu capacete de ferro e a lanterna usada na execução de obras de arte de engenharia dentro da água, como a construção de pontes sobre rio, informa Aluizio. O barulho peculiar de um trem a vapor ecoa em todos os ambientes, transportando o visitante para a época da Maria Fumaça.
Numa sala batizada A Máquina, o público ficará sabendo como funcionava um trem movido a vapor, com recursos variados: infográfico na parede explicando os compartimentos de uma locomotiva, vídeo e fotografias. Já a sala didática, diz Aluizio Câmara, foi pensada para se adaptar às necessidades do público.
"Poderemos produzir conteúdos em função das especificidades de cada grupo, como arquitetura de ferro, revolução industrial, problemas de física e matemática", exemplificam o curador e o artista plástico Márcio Almeida, responsável pela reorganização do Museu do Trem, o primeiro inaugurado no Brasil, em 1972. "Precisamos guardar esse legado", destaca Márcio.
Na sala ampla, um vídeo exibe as chegadas e partidas de trens acompanhado por músicas ligadas ao tema (O trem das 7 e O trenzinho do caipira, entre outras). Uma placa de sinalização das estradas de ferro, a famosa Pare, Olhe, Escute, completa o cenário em perfeita harmonia. Aqui, o visitante também verá uma foto rara, que mostra a Ponte Gaiola de Afogados, nos anos 50. Feita de ferro, pela empresa Phoenix, a ponte foi demolida nos anos 70, diz Aluizio.
Outra fotografia registra o primeiro trem de passageiros saindo da Estação de Cinco Pontas (bairro de São José, no Centro do Recife) para a Vila do Cabo, em 9 de fevereiro de 1858. A viagem começou às 12h, conduzindo 400 pessoas. Márcio Almeida observa que a memória ferroviária de Pernambuco encontra-se espalhada pelo Estado inteiro e outras peças podem fazer parte do museu, mais adiante.
"Não estamos plantando uma árvore, mas começando o reflorestamento. O que temos no prédio é só uma síntese", afirma o artista plástico. Para saber mais, basta ir ao Museu do Trem, na Praça Barão de Mauá (ao lado da Casa da Cultura), reformado pela Fundarpe, de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 17h. A Estação Central foi construída de 1850 a 1856.
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